Incidente com a imprensa na ocupação

Um incidente envolvendo estudantes da ocupação na UFPA e uma equipe da TV Record ocorreu na tarde de segunda (14) na área dos blocos A, B e C. Houve registro de imagens não autorizadas de integrantes do movimento, pedido para que as imagens fossem apagadas e agressões verbais de lado a lado.
A repórter Adriana Martins e o cinegrafista Jefferson Carvalho foram à universidade cobrir o primeiro dia de greve dos professores. A pauta era na Associação de Docentes da UFPA, a ADUFPA. Saindo de lá, decidiram fazer imagens de salas de aula dos blocos. Jefferson foi filmar e Adriana ficou aguardando no táxi – por problemas nos carros da emissora, as equipes estão saindo de táxi para as pautas.
Os estudantes que ocupavam os blocos viram o cinegrafista chegar, gravar imagens deles nos corredores e procurar salas vazias para filmar. Quando ele já ia embora, alguns integrantes da ocupação o cercaram. Pediram para ver as imagens. Pediram também que fossem apagadas, por terem sido feitas sem autorização. Tentaram negociar ainda para que a equipe registrasse uma roda de conversa que estava ocorrendo. Não foram atendidos.
Com os estudantes rodeando o táxi, a repórter e o cinegrafista resolveram acionar a redação da TV Record, que os orientou a gravar tudo. Jefferson começou a registrar pelo celular, mas foi impedido. Segundo relatos, houve agressões verbais tanto por parte do cinegrafista quanto de estudantes. A equipe de reportagem decidiu, então, apagar as imagens e manter apenas a entrevista feita na ADUFPA. Depois, registrou boletim de ocorrência na seccional de São Brás da Polícia Civil e acionou o Sindicato dos Jornalistas no Estado do Pará (Sinjor-PA).
Adriana Martins questiona a necessidade de pedir autorização para filmar e também a cobrança para apagar as imagens. “E o direito de imprensa, onde é que fica? Por mais que a gente explique, eles chegam a ser agressivos. A gente saiu abalado psicologicamente da UFPA”, conta a repórter.
O acadêmico Igor Ferreira, secretário do Centro Acadêmico de História, que estava no local durante o incidente, explica que a autorização era por conta da imagem dos estudantes que estavam ali, já que alguns sofrem ameaças. “Nós só queremos manter a integridade da nossa imagem. Porque já sofremos ameaças de grupos reacionários. Já tentaram nos gravar aqui sem autorização. Já passou gente de outros movimentos contrários à ocupação tentando filmar, captar nossos nomes pra possíveis exposições públicas com fins de sujar nossa imagem”, relata Igor.
Esse tipo de tensão entre manifestantes e jornalistas tem sido mais frequente desde as jornadas de junho de 2013, por conta da desconfiança com a narrativa das mídias tradicionais, em que muitos movimentos não se sentem representados. A invisibilidade e a criminalização das ocupações de escolas e universidades é a narrativa da vez. “A grande mídia já é contra a ocupação. Isso é visível. Trata a ocupação como problema”, aponta Igor. “O que sinto é que eles veem a imprensa como inimiga. Falavam o tempo todo em manipulação de imagem”, diz Adriana.

Matéria: Primeiras Linhas [Ocupado]

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