Monitorar a mídia durante a ocupação: um imperativo ético e político

Desde o dia 7 de novembro de 2016, em decisão histórica, os estudantes ocuparam a Universidade Federal do Pará. Técnicos e docentes a seguir somaram forças na ocupação. A maior universidade da Amazônia brasileira passou a protagonizar, desde então, um dos maiores movimentos de resistência na história recente do país, contra o congelamento por vinte anos dos recursos públicos destinados à educação, saúde e outros setores essenciais, previsto na Proposta de Emenda Constitucional 241/55, editada pelo governo ilegítimo de Michel Temer. A chamada “PEC da morte” é uma entre tantas outras medidas arbitrárias e impopulares tomadas pelo governo, como a reforma do ensino médio.
Os setores hegemônicos da mídia brasileira têm sido cúmplices e em parte responsáveis pelos fortes abalos sofridos recentemente pela jovem e débil democracia brasileira, com o processo que levou ao impeachment da presidente Dilma Roussef. São os desdobramentos desse processo, capitaneado por alguns dos setores políticos mais retrógrados do Brasil, que agora impõem graves ameaças a direitos sociais duramente conquistados, afrontando não só princípios consagrados na Constituição de 1988, como a própria democracia.
    
Estudantes e professores da Faculdade de Comunicação e do Programa de Pós-Graduação em Comunicação, Cultura e Amazônia, atores desde a primeira hora do Movimento #OcupaUFPA, decidiram colocar sua expertise a serviço do movimento, produzindo um monitoramento regular e sistemático da cobertura midiática da ocupação e do movimento local e nacional contra a PEC 55.
O monitoramento abrange vários tipos de mídia – jornais impressos, portais online, emissoras de TV em âmbito local; jornais impressos e portais de mídia alternativa em nível nacional.
Considerando que a mídia se configura como uma arena pública em que se desenrolam contemporaneamente alguns dos principais embates discursivos e políticos, acreditamos que desnudar posicionamentos e silenciamentos sobre o movimento de ocupação contribui não só para denunciá-los, como também desmontá-los no momento mesmo em que os embates estão em curso.
Ao produzir uma análise crítica do conteúdo veiculado pelos meios de comunicação com base em critérios rigorosos, de base científica, o Observatório de Mídia #OcupaUFPA pretende fortalecer o movimento, contribuindo para qualificar o debate sobre a atuação da mídia. Para nós, trata-se de um imperativo ético e político.
Desde o início da ocupação, no dia 7 de novembro, o material publicado pela mídia está sendo monitorado. No dia 24 de novembro de 2016 o Observatório disponibilizou os primeiros boletins analíticos. Enquanto durar a ocupação, uma equipe que envolve quatro professores e dez alunos da Faculdade de Comunicação e do Programa de Pós-Graduação em Comunicação, Cultura e Amazônia, produzirá periodicamente boletins de análise da cobertura do movimento feita pela mídia.
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