Representatividade negra em pauta

No mês em que o Dia da Consciência Negra é celebrado, a organização do #OcupaUFPA preparou atividades voltadas para a representatividade negra na sociedade. A estudante do Programa de Pós-Graduação em Psicologia e coordenadora da programação, Flávia Câmara, destaca a necessidade de a população negra assumir o protagonismo na sociedade, principalmente diante dos retrocessos gerados pelo cenário político atual: “Os cortes desse governo ilegítimo vêm afetando os poucos ganhos que os negros já tiveram. O sistema de cotas está ameaçado e quando foram cortadas as bolsas de auxílio permanência da universidade, a grande maioria das pessoas que precisavam delas eram negras, pobres, que muitas vezes vêm do interior. Então, a gente não se envolver nesse momento é cruzar os braços para os poucos processos positivos que a gente já teve na luta”.

Para debater ideias a respeito do lugar dos negros no contexto social, a primeira atividade de hoje (15) envolveu a representatividade negra na infância, com a exibição do documentário “Vista a minha Pele”, de Joel Zito Araújo, seguida de roda de conversa com o estudante de Ciências Sociais Bruno Domingues. O palestrante abordou as questões raciais que perpassam o cotidiano de alunos de duas escolas quilombolas (Escola Benedito Thomaz Carneiro e Escola de Bairro Alto), localizadas no município de Salvaterra. Durante a pesquisa, que ainda está em curso, ele observou que os livros didáticos utilizados em sala de aula não representavam as crianças: “Elas acabam reproduzindo o que veem nos livros. Quando se pede, por exemplo, para elas desenharem uma pessoa bonita, essa pessoa bonita automaticamente é branca e loira, e isso vai fazendo com que a criança não se ache digna de ser representada”. Para Bruno, momentos como o diálogo promovido pelo #OcupaUFPA possibilitam que as barreiras da ausência de representação sejam rompidas.

Matéria: Primeiras Linhas [Ocupado]